terça-feira, 19 de março de 2013

O milagre de gestar, parir e...

Hoje conversei com uma amiga que há muito tempo não tinha notícias. Ela me contou que está grávida de 21 semanas e batemos um agradável papo. Recordei um pouco das minhas três barrigonas e como cada uma delas teve seu momento especial de alegria e desconforto.

Depois de dois anos de casada eu queria muito engravidar, mas ainda levou alguns meses pra isso acontecer. Um mês antes da verdadeira concepção minha menstruação atrasou muito. Falei pro Toni da minha suspeita e na hora ele disse: é alarme falso. Mesmo assim corri na farmácia e, ai que tristeza. O pior é que era alarme falso mesmo. No mês seguinte atrasou novamente, não quis me precipitar então esperei mais. Antes de eu fazer qualquer coisa o Toni disse: vai fazer exame de sangue que agora você está grávida. Que coisa, e não é que eu estava mesmo. Coisas inexplicáveis.
Ter um bebê em casa é fantástico, ao menos eu amo, mas não consigo mais me imaginar com outro. Meu menorzinho tem 3 anos e as meninas 5 e 6. Tudo mudou desde que eles entraram na minha vida.

Fantasiamos muito antes de eu engravidar a primeira vez. Planejamos o novo ritmo de vida e tomamos decisões mega importantes. Uma delas era que nossa vida social não mudaria por causa do neném. Péééé! Errado. Fomos ao boliche com uma turma de amigos quando a Emanuele não tinha um mês ainda acreditando que pra ela não seria tão mal assim. Na verdade ela não reclamou, não chorou, mas também não se expressou de forma alguma. Encolheu-se em meu colo como se estivesse se escondendo da agressão que estava sofrendo com o barulho, a iluminação e falta de conforto da sua caminha. Partiu meu coração.
A decisão mais significativa que tivemos que tomar foi na verdade uma das mais fáceis, a princípio. Eu pararia de trabalhar. Na época era professora do curso de enfermagem da EEAN na UFRJ. Estava prestes a iniciar o doutorado com uma excelente orientadora na mesma escola. Abri mão de mim mesma por algo mais nobre e recompensador, em minha opinião. Amar e educar filhos.

Sou parte de uma geração de pessoas que se dedica imensamente a sua vida profissional, fui criada para ser uma mulher bem realizada profissionalmente, independente e dona de mim. Nossa sociedade sufoca qualquer outro “tipo” de mulher. As necessidades econômicas, emocionais e familiares das mulheres quase não tem nos dado oportunidade de pensar na grandiosidade que é ter filhos. Muitas hoje são mães apenas, ou melhor, gestoras, parideiras. Muitas não se permitem nem pensar diferente, pois a realidade deste século às impede.
Eu quis fazer diferente. Quis voltar no tempo, onde mães eram mães de verdade. Mulheres que cuidavam depois de parirem, mulheres que amamentavam, acompanhavam os primeiros sorrisos; sabiam as datas da primeira sentada, da primeira palavra não porque alguém lhes havia contado. Não consigo entender o que pode ser mais importante que ser presente na vida de um filho.

Pesquisas comprovam que a formação da personalidade e do caráter de uma pessoa é formada nos cinco primeiros anos de vida. Eu, por experiência própria, digo que isso pode acontecer até o sexto (pra não correr o risco de descuidar). Também comprova que no primeiro ano de vida, o bebê forma imensuráveis sinapses nervosas, o que vai gerar consequências para o resto de sua vida e que essas sinapse estão intimamente ligadas ao apego com a mãe.
Levando apenas isso em consideração eu me pergunto, onde as mães e os pais gostariam ou ao menos deveriam estar ou que papel deveriam ter na vida dos seus filhos durante esses primeiros anos?

Quantos pais têm inúmeras desculpas (sem querer julgar) para não estarem perto de seu bem mais precioso por tempo suficiente nestes primeiros anos de vida?
Não podemos pensar que existe o tal “tempo de qualidade”. Nossos pequenos não querem esse tempo. Eles querem mães e pais que os amem com gestos, com atos, com todo seu ser.

Neste século, pós-moderno, homens e mulheres devem racionalizar ao máximo o ter ou não ter filhos. Não se pode pensar que a vida muda pouco, ou que se houver dinheiro tudo fica mais fácil. Um bebê e depois uma criança precisa de mãe e pai comprometidos em educá-la por eles mesmos. Não é cabível que pais transfiram essa responsabilidade pra creches ou escolas. É em casa que a criança aprende sobre valores, sobre princípios. Mas será que os pais de hoje tem valores e princípios?
Olhe ao nosso redor. Quantas crianças criando-se sozinhas, ou com a diabólica e emburrecedora babá televisão.

Mulheres a vida muda, você querendo ou não ela muda depois que somos mães. E não pense você que o tempo perdido pode ser recuperado um dia porque não pode.
Não tenham medo de ficarem mais pobres por seis anos, ou caso abandonem sua profissão, de nunca mais conseguirem recolocação no mercado. Deus é nosso juiz. Para o céu não há profissão mais nobre e que mereça maiores honras que a da MÃE.

Viver essa experiência nos dará um conhecimento de vida, nos ensinará a sermos melhores que muitas outras pessoas estudadas nas melhores faculdades do mundo.
Nossa escola se chama GENTE. É preciso ter coragem e eu creio que não há ninguém mais corajoso que uma MÃE. Seja uma de verdade.

Que Deus te abençoe.

2 comentários:

  1. Que texto lindo, que ideias lindas. E tudo isso é visível no caráter e obediência da Manu. Penso como você e espero poder dar uma qualidade de vida assim para o meu filho. Devo tudo o que sou à minha querida mãe que também abriu mão de si para cuidar de nós.

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    1. obrigada Cris. Agora você está fazendo parte da minha história e contribuindo pra que a Manu seja uma pessoa cada vez melhor. bjs

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