quarta-feira, 5 de junho de 2013

Tapa na cara

Esses dias presenciei uma cena revoltante pra mim. Na saída do mercado um pai com um garotinho de no máximo 3 anos no colo sendo esbofeteado.

Você pensou que o pai estivesse batendo na criança acertei? Mas não! Era o filho que estava esmurrando (me punho fechado) o rosto do pai. Exagero da minha parte? Não.
Eu não sei de que época ou em que geração você nasceu, eu não sou muito velha. Fui educada com muita liberdade, liberdade pra falar qualquer coisa e até mesmo responder NÃO para os meus pais; liberdade de comer primeiro na mesa; liberdade de argumentar; liberdade de não chamá-los de Sr ou de Sra; inclusive liberdade de discordar, gritar e ficar com raiva...mas bater??? Que isso? Estou indignada. O pior é que hoje em dia, ver crianças batendo no rosto dos pais ou xingando-os é comum. Culpa dos filhos que tantas e tantas vezes nos enchem de carinho e de beijinhos? Não mesmo.

Eu fico pensando se os jovens de hoje, que ateiam fogo em outra pessoa, que espancam homossexuais, que estupram meninas nos ônibus, também não batiam em seus pais quando tinham 3 anos de idade.
Bom, hoje nem quero falar muito de mau criação ou birra. Quero falar de desrespeito à pessoa humana, e o que me motivou foi um vídeo que assisti de um garoto de 12 anos que tem sofrido de bulliyng.

Bulliyng é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Não custa ler novamente.
Como alguns já sabem minha menina mais velha, a Manu de 6 anos, foi pra escola a primeira vez esse ano (2013). Todos os dias ela tinha que me dar o relatório de tudo que aconteceu nas horas longe de mim (eu não aguentava a curiosidade). Logo nos primeiros dias ela já havia se enturmado e agora fazia parte de uma “turma de meninas” e tudo de mais legal acontecia entre as 4 amigas. Certo dia uma colega da sala dela veio correndo em sua direção e antes que ela pudesse chegar minha filha disse: - ah não! Fulana não.

A menina deu um beijo em sua bochecha e foi embora. Fiquei passada. Na hora perguntei o porquê do “ah não” tão desprezível. E acreditem, ela me respondeu: - minha turma não gosta dela e por isso eu também não. (pausa na história)
A formação do caráter de um ser humano começa no seu nascimento e vai até 6 anos. Esse período é a base pra todas as suas aprendizagens. Nos restante dos anos a criança pode mudar sim, mas com cada vez mais dificuldade. O que temos feito, enquanto pais, e eu assumo que acredito que a mãe é a principal responsável, com nossos filhos nos seus seis primeiros anos de vida? São só seis que influenciarão e terão enorme peso em todos os demais, já pensou nisso?

Criança faz o que vê o adulto fazer diz Lia Rosemberg psicopedagoga de SP. Aí eu me pergunto: o que meus filhos tem me visto fazer?
Eu respeito filas? Eu digo obrigada com um semblante realmente agradecido? Eu minto ao telefone ou em uma conversa informal? Eu cedo o lugar no ônibus? Eu furo sinal de trânsito? Eu digo bom dia pro porteiro do meu condomínio? Eu jogo papel no chão? Aff. Melhor não responder.

Sinceramente? Eu sou correta em todas essas questões. Se depender disso meus filhos serão ótimos cidadãos.
Voltando ao bullyng. O que estaria levando minha filha a desprezar uma coleguinha que ela mal conhecia? Com certeza estava sendo influenciada pela maioria, e precisava, com urgência, aprender a defender o bem que aprendera em casa.

Não quis que se sentisse criticada ou repreendida pra não correr o risco de que no futuro me omitisse fatos novos então resolvi usar a associação e seu próprio raciocínio.
Perguntei se ela já havia dado uma chance para que a garota fosse sua amiga. Perguntei como ela se sentiria se estivesse no lugar da menina. Perguntei se alguma vez ela já me viu agindo assim com alguém. E por fim perguntei se Jesus tratava as pessoas assim.

Depois de refletir um pouco ela me disse: - já sei mãe! Amanhã vou brincar com ela e vou ver se ela é legal.
Quer saber o fim da história? Hoje, ela não faz mais parte da “turma”, foi eleita pelos colegas de sala a garota cortesia, e tem se divertido muito com a amiga outrora rejeitada.

A “turma? Não sei. Continuam lá debochando de quem não está na “turma” e a Emanuele é super popular por sua simpatia e facilidade de fazer amizades.
Procure estabelecer no seu lar uma atmosfera de respeito, carinho e atenção às diferenças. É injusto tratar todos os filhos de maneira igual já que eles têm necessidades diferentes. Porém, lembre-se de ser verdadeiro, porque a criança é capaz de fazer leitura corporal, não sei como, mas faz. Nunca minta mesmo nas situações mais difíceis e ensine seus filhos que o mundo é feito de muita gente, gente diferente e que ele faz parte desse todo e não o centro de tudo.

Jesus te abençoe.

 

 

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